domingo, 8 de junho de 2014

ESPECIAL SOBRE TABAGISMO E FERTILIDADE



Que o cigarro é um dos grandes vilões dos problemas respiratórios, todo mundo está cansado de saber. Agora, que o fumo está associado diretamente à infertilidade de casais e adia a chegada, inclusive, dos que estão em tratamento para fertilização, é novidade.
De acordo com um estudo divulgado recentemente pela Oxford University é grande o impacto gerado pelo cigarro nas reproduções assistidas. A pesquisa dá o alerta: quem quer ter um bebê deve parar imediatamente de fumar. O tabaco está associado à diminuição da produção de óvulos e ao aumento das taxas de insucesso da fertilização in vitro.
“O cigarro pode resultar na diminuição na contagem de espermas e no aumento de gametas defeituosos. Já na mulher, além de impactar a produção de óvulos. O fumo também prejudica todo o tratamento de reprodução assistida, uma vez que aumenta o risco de hemorragias, infecções da pélvis e partos prematuros”, explica a médica Silvana Chedid, especialista em reprodução e autora do livro“Infertilidade” (Editora Contexto, 1998).
Hoje, cerca de 10% da população tem dificuldade de engravidar. Só nos Estados Unidos, 2,7 milhões de casais em idade reprodutiva são inférteis. E o tabagismo colabora ainda mais para o crescimento desses índices.
A chance de um bebê nascer antes do tempo e com baixo peso são maiores quando os pais são fumantes. Essas crianças também podem apresentar maior propensão a manifestações de asma, bronquite, pneumonia e infecções no ouvido.
Silvana comenta ainda que bebês meninas costumam sofrer ainda mais os malefícios do fumo, pois o sistema reprodutor feminino pode receber os impactos das toxinas do cigarro desde cedo.

Se você pretende fazer tratamento para engravidar, a especialista em reprodução humana lembra que se seu parceiro for tabagista, a fertilização será prejudicada pelo fato de você ser fumante passiva. E dá a dica: se você quer que a cegonha venha lhe visitar, é importante adotar hábitos saudáveis, manter uma alimentação rica em frutas e legumes e praticar regularmente exercícios físicos. Tudo isso, contribui para o organismo ficar fortalecido e receber uma criança.

O cigarro contém mais de mil diferentes componentes e a maioria faz mal à saúde. Grande parte das consequências relacionadas ao fumo está relacionada a problemas cardiovasculares e respiratórios. Além disso, vários estudos apontam que ele está relacionado à queda da fertilidade, tanto nos homens como nas mulheres. 

Antigamente, fumar era considerado "glamour", elegância. Viam-se jovens nas telas de cinema tragando seus cigarros com piteiras ao fazer caras e bocas, professores e alunos fumavam nas salas das universidades e até médicos poderiam estar fumando durante as consultas livremente. Eles não sabiam o que estavam fazendo. 

Atualmente, a informação existe e devemos utilizá-la ao nosso favor. O comportamento das pessoas em relação ao cigarro está mudado e já existem leis que proíbem tabagismo em lugares fechados. No entanto, ainda há muita falta de respeito ao próximo e, principalmente, de informação. 
Mulheres que fumam têm menor taxa de sucesso e precisam do dobro de tentativas, em média, em relação às não tabagistas
Em relação ao impacto na fertilidade feminina, o tabagismo pode causar: 

1- Atraso na primeira menstruação 
2- Antecipação da menopausa 
3- Aumento de irregularidades menstruais 
4- Piora da qualidade dos folículos 
5- Alteração da função fisiológica das trompas 
6- Alterações hormonais 
7- Interferência na formação dos óvulos e fertilização 
8- Dificuldade de implantação do óvulo 

Quanto à fertilidade masculina: 

1- Afertar a formação dos espermatozóides 
2- Diminuir a concentração, o formato e motilidade (capacidade de nadar rápido e linear) 
3- Piora o potencial de fertilização 
4- Aumenta o estresse oxidativo (radicais livres) 
A exposição intra-uterina ao tabagismo materno pode diminuir a fertilidade do feto em formação. Além disso, o fumo pode acarretar na destruição dos ovócitos primários (futuros óvulos) e no atraso na concepção. Já no sexo masculino, é possível que haja a redução no volume de sêmen e na concentração de espermatozóides. 

Observamos na nossa clínica, que realiza tratamentos de fertilização in vitro, que mulheres que fumam têm menor taxa de sucesso e precisam do dobro de tentativas, em média, em relação às não tabagistas, para conseguir uma gestação. Nestas pacientes, também notamos menor qualidade dos óvulos e dos embriões formados e menor número de embriões por ciclo, havendo a necessidade de maiores doses de medicamentos. 

Pacientes que fumavam e pararam de fumar durante o tratamento se beneficiaram com aumento da chance de sucesso nos tratamentos de reprodução humana assistida. 
 

Além de provocar inúmeras doenças e envelhecimento precoce, o consumo de tabaco também influi negativamente na reprodução e na saúde do futuro bebé. Vários estudos já confirmaram cientificamente as implicações na saúde reprodutiva da mulher, mas poucos trabalhos têm investigado o mecanismo molecular relacionado com a infertilidade masculina.

Dois estudos publicados recentemente na revista “Human Reproduction” alertam para o facto de o tabagismo poder tanto danificar a qualidade do esperma dos fumadores que pretendem ser pais, como prejudicar a saúde reprodutiva dos filhos de mulheres que fumaram durante a gravidez.

Num dos estudos, liderado por Claus Yding Andersen, professor de Fisiologia Reprodutiva no Hospital Universitário de Copenhaga, Dinamarca, foi verificado que o consumo de tabaco pela mulher, durante o início da gravidez, reduz drasticamente o número de células germinativas (células que dão origem aos espermatozóides e aos ovócitos) e de células somáticas (células que dão origem a todas as outras partes do corpo) do feto em desenvolvimento, podendo causar efeitos nefastos na fertilidade do bebé na vida adulta. Ao analisarem tecido de 24 embriões, provenientes de uma clínica de interrupção de gravidez, que tinham entre 37 e 68 dias, os cientistas verificaram que os embriões de mulheres fumadoras apresentavam níveis de células germinativas e de células somáticas 55% e 37% mais baixos, respectivamente. De acordo com os investigadores, a diminuição dos níveis parece ser maior quanto mais a mãe fuma.

Com base nestes resultados iniciais do crescimento fetal, a equipa de Anderson concluiu que o impacto do tabagismo na produção celular pode significar um risco mais elevado na fertilidade futura dos filhos.  "Estes resultados fornecem dados para os profissionais de saúde falarem com as mulheres que estão a pensar engravidar, ou que tenham concebido recentemente, apresentando-lhes um argumento irrefutável para as convencer a parar de fumar", reforçou o cientista, adiantando que "o efeito negativo do fumo parece ser incontestável, desde a concepção e durante os primeiros dias de gestação, quando o embrião humano se diferencia em menina ou menino".

E a fertilidade masculina?

Apesar deste novo estudo ter constatado a relação entre o consumo de tabaco pela mãe e possíveis consequências na saúde reprodutiva do bebé, e embora se soubesse que o tabagismo paterno também teria uma influência negativa neste capítulo, até ao momento pouco se conhece sobre o modo como o tabaco actua nos indivíduos do sexo masculino.

Num segundo estudo, também publicado na “Human Reproduction”, os cientistas liderados por Mohamed E. Hammadeh, chefe do laboratório de reprodução assistida do departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade de Saarland, Alemanha, estudaram a influência do tabaco no esperma, ao analisarem uma proteína específica denominada protamina (que actua no desenvolvimento dos cromossomas). As amostras foram recolhidas após uma abstinência sexual de três a quatro dias.

Ao analisarem as concentrações de dois tipos de protaminas (P1 e P2) no esperma de 53 grandes fumadores, que consumiam mais de 20 cigarros por dia, e 63 homens não-fumadores, os investigadores verificaram, então, que as concentrações de P2 eram 14% mais baixas nos fumadores do que nos não fumadores. “Em homens normais, férteis, a proporção entre P1 e P2 é praticamente a mesma. Qualquer aumento ou diminuição nessa divisão representa algum grau de infertilidade”, explicou em comunicado de imprensa o líder da investigação, Mohamed Hammadeh.

De acordo com as citações do investigador, a verdade é que as anteriores tentativas realizadas pelos cientistas para esclarecer a relação entre o tabagismo e a infertilidade masculina esbarraram na incapacidade de identificar um mecanismo molecular subjacente a essa relação. Por isso, o resultado deste estudo traz novos e importantes dados que devem ajudar os homens fumadores que querem ser pais a abandonarem o vício, especialmente aqueles que, pela impossibilidade de conceberem naturalmente, vão iniciar a reprodução medicamente assistida.

Apesar das campanhas antitabagismo em todo mundo, a população fumante persiste em níveis alarmantes. Pesquisas recentes indicam que 30% das mulheres e 35% dos homens em idade reprodutiva são fumantes.
Parar de fumar pode ser extremamente difícil para alguns. Neste aspecto, o desejo de um filho saudável pode ser a razão mais importante para abandonar o vício.
A relação entre fumo e infertilidade está longe de estar incutida na população e ainda é motivo de dúvida entre a classe médica.
Apesar de diversos trabalhos acumularem dados mostrando o efeito adverso do fumo, muitos deles são considerados pouco conclusivos devido à diversidade das populações e métodos estudados.
Mas uma vez aceita a relação entre fumo e fertilidade, podemos considerar que 13% de infertilidade feminina são causados pelo cigarro.
Um recente artigo revela que foram investigadas 15 mil gestações e o tempo que se levou para consegui-las. A percentagem de mulheres que tiveram o intervalo maior que um ano foi 54% maior em fumantes do que em não fumantes.
O percentual também foi superior em fumantes passivos, quando o fumante é o parceiro.
Além disso, a menopausa ocorre de um a quatro anos antes em fumantes se comparados aos não fumantes. A química contida na fumaça do cigarro parece acelerar a destruição de óvulos e consequente perda da função reprodutiva.
Um estudo da Associação de Planejamento Familiar de Oxford, Inglaterra, observa um retorno à fertilidade em ex-fumantes. A reversibilidade do problema indica a correlação entre dose/tempo e a fertilidade e provê uma ferramenta importante para motivação em campanhas antitabagismo.
A possibilidade de causar alterações genéticas no feto também foi relacionada ao fumo. Substâncias provenientes da fumaça de cigarro se ligariam a frações do DNA provocando lesões pré-mutacionais. Os danos ao DNA aumentam a incidência de abortos, defeitos físicos e alguns autores sugerem até aumento dos casos de trissomia do cromossomo 21 (síndrome de Down).
A nicotina e o monóxido de carbono podem levar a insuficiência placentária e retardo no crescimento fetal, culminando em abortamento.
Outro dado estatístico interessante é o aumento da incidência de gravidez tubária, que pode ser 3,5 vezes maior em fumantes do que não fumantes. Um trabalho com hamsters demonstrou uma alteração na função e na mobilidade da trompa, o que levaria a uma dificuldade da captura do óvulo pela trompa (infertilidade) ou no trânsito do embrião até o útero (gravidez tubária).
Em tratamentos de fertilização in vitro (FIV), as mulheres que fumam precisam, em média, de duas vezes mais tentativas para conseguir engravidar do que uma que não fuma.
No momento da retirada do óvulo, comprovou-se a presença de cádmio e cotinina (metabólico da nicotina) no líquido folicular aspirado. As mesmas substâncias foram encontradas em pacientes fumantes passivas.
De acordo com diversos estudos, a quantidade e a qualidade dos espermas também oscila em razão do consumo de tabaco. Uma queda de 22% na concentração foi observada nos fumantes.
Atualmente existem medicamentos que podem ser utilizados para auxiliar o indivíduo a largar o vício. Mas precisam ser prescritos por médicos, que devem acompanhar, permanentemente, seus pacientes. Também há chicletes e adesivos cujo objetivo é, paulatinamente, diminuir o nível de nicotina no sangue.
Tanto medicações quanto adesivos e chicletes podem ser utilizados pela paciente com dificuldade de engravidar, mas só os adesivos e chicletes são indicados para as grávidas. Apesar de infundirem na circulação doses de nicotina, estes níveis nunca são maiores do que o consumo de dez cigarros por dia.
Alguns comentários sobre a relação do tabaco e a reprodução:
- Mais de 20 estudos publicados na literatura médica detalham os efeitos adversos do tabaco na fertilidade;
- O tabaco contém diversas substâncias tóxicas. Estudo feito em ratos mostrou que a nicotina tem efeitos prejudiciais na maturação do ovo, nas taxas da ovulação e nas taxas de fertilização;
- O estudo mostrou também anormalidades cromossômicas nos óvulos expostos à nicotina;
- A reserva ovariana e a quantidade e a qualidade do óvulo são reduzidas nas mulheres que fumam;
- Os fumantes têm números mais baixos de folículos quando estimulados para a fertilização in vitro;
- Os fumantes têm números mais baixos de óvulos recuperados com a FIV;
- Os fumantes têm taxas mais baixas de fertilização dos óvulos in vitro;
- Os abortos espontâneos são mais comuns entre os fumantes;
- Um estudo mostrou que a possibilidade para uma gravidez de FIV era 2,7 vezes mais alta em mulheres que nunca fumaram do que em mulheres que fumam (ou que tenham parado recentemente de fumar). O mesmo estudo mostrou que se a mulher foi fumante pelo menos nos últimos cinco anos a chance de uma fertilização in vitro diminui em 4,8 vezes.
- Há evidências de que o homem sendo fumante existe menos chances de ele ser pai recorrendo à FIV.
Se você fuma, pare. Se você estiver tendo dificuldades para engravidar ou está planejando uma fertilização in vitro, pare de fumar imediatamente.
A fertilidade pode melhorar após parar e as taxas do sucesso de FIV são mais elevadas nas mulheres que não são fumantes do que nas mulheres que fumaram.


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