A
endometriose é invisível, mas os sinais de sua presença no organismo
são, na grande maioria das vezes, bem perceptíveis, manifestando-se por
meio dos seguintes sintomas:
- Cólica menstrual
- Infertilidade
- Dor na relação sexual, descrita na profundidade da vagina (no fundo da vagina)
- Alterações no intestino na época da menstruação, em casos de endometriose que envolve a região (apresentando sintomas como diarreia, intestino preso, sangramento anal)
- Alterações na bexiga e vias urinárias na época da menstruação, em casos de endometriose que envolve o aparelho urinário (percebidas pelo aumento no volume das micções, dor ao urinar ou sangramento na urina, por exemplo)
- Dor contínua, independente da menstruação, principalmente em casos de endometriose mais avançada, com grande quantidade de aderências nos órgãos pélvicos
É
importante lembrar que a quantidade de sintomas não tem relação com o
volume e a intensidade da doença. Isso significa que nem sempre mulheres
com muitos sintomas apresentam o grau mais severo da endometriose.
Cólica Menstrual
Considerada um dos mais frequentes sintomas da endometriose, pode ser classificada em diferentes graus:
- Leve: quando a paciente não precisa usar medicamentos para minimizar os sintomas
- Moderada: quando a paciente precisa de medicamentos, suficientes para melhorar a dor
- Severa: quando a paciente não tem qualquer melhora dos sintomas, mesmo consumindo medicamentos
- Incapacitante: quando a paciente tem dores tão intensas que a incapacitam de exercer atividades diárias, necessitando de internações hospitalares para aliviar incômodos ou mesmo para tratar outros sintomas, tais como náuseas, vômito, diarreia, febre ou cefaleia.
É importante esclarecer mais uma vez que a intensidade da dor não tem relação com a quantidade ou o grau da endometriose.
Em
relação aos fatores de risco que poderiam influenciar no grau das
cólicas menstruais, alguns estudos demonstraram que a idade precoce da
primeira menstruação, períodos menstruais prolongados, tabagismo,
obesidade e consumo de álcool poderiam estar associados a ocorrências
mais severas.
Dor Crônica ou Acíclica
É
uma dor que persiste por pelo menos seis meses, não associada ao ciclo
menstrual. Acredita-se que os fatores que causam a dor sejam decorrentes
dos focos da doença ou secundários a alterações dos tecidos, por conta
dos processos aderenciais e fibrose.
A presença de aderências pélvicas e o número de intervenções cirúrgicas contribuem para piorar os incômodos deste sintoma.
Dor nas Relações Sexuais
Vários
estudiosos apontaram este tipo de dor como um dos mais frequentes em
mulheres vítimas da endometriose, acometendo os ligamentos útero-sacros,
região retrocervical, septo retovaginal e regiões intestinais baixas,
como reto e sigmoide. Outros explicaram a associação entre a severidade
da dor à relação sexual e o grau de infiltração da endometriose.
Alterações Urinárias Cíclicas
São
alterações urinárias relacionadas principalmente ao período menstrual. A
endometriose que acomete a região urinária - atingindo a bexiga -
costuma manifestar-se por dor abdominal baixa, aumento da frequência das
micções, dor ao urinar, sangramento urinário ou infecções urinárias de
repetição. Os sintomas podem aparecer em qualquer fase do ciclo, mas
torna-se mais intenso no período pré-menstrual e menstrual.
Alterações Intestinais Cíclicas
Relacionadas
principalmente ao período menstrual. Geralmente, os sintomas
intestinais aumentam na menstruação, sendo mais intensos quando a
endometriose envolve regiões como intestino (reto e sigmoide),
ligamentos útero-sacros, região retrocervical e septo reto-vaginal.
Clinicamente,
a mulher com doença profunda pode apresentar queixa de dor pélvica, dor
nas relações sexuais, além de sintomas específicos relacionados à
região intestinal, como dor durante a evacuação, diarreia e sangramentos
anais cíclicos. Tais variações dependerão da extensão e profundidade da
doença.
Infertilidade
Hipóteses
de que a endometriose cause infertilidade ou diminua a fecundidade
ainda são controversas. Apesar de existirem evidências que demonstram
associação entre a doença e a infertilidade, uma relação de causa e
efeito ainda não foi estabelecida. Questões como qual o melhor
tratamento para infertilidade associada à endometriose ou se a doença
realmente apresenta relevância quando o principal sintoma é a
infertilidade, ainda são discutidas.
Em
mulheres com menos de 35 anos, a taxa de fecundidade mensal é de cerca
de 12-15%. No entanto, em pacientes com endometriose, este número tende a
cair: de 2% a 10%. A prevalência da endometriose em mulheres em idade
reprodutiva é estimada entre 6% e 44%. Estudos recentes sugerem que 25% a
50% das mulheres inférteis apresentam endometriose e que 30% a 50% das
mulheres com endometriose são inférteis, fato atribuído a alterações
imunológicas, hormonais e sistêmicas.
Vários
mecanismos tentam explicar como a endometriose diminui mensalmente as
taxas de fecundidade. A justificativa mais provável é o dano anatômico
pélvico, principalmente em casos de doença avançada, além de
deficiências ovarianas, alterações do ambiente peritoneal, falhas de
implantação e maiores taxas de abortos precoces.
Anormalidades Endócrinas
Foliculogênese Anormal
Mulheres
com endometriose apresentam irregularidades na produção de folículos no
organismo. São portadoras de níveis hormonais anormais, alterando e
diminuindo o crescimento folicular, além de registrar uma fase folicular
que tende a ser mais curta.
Anovulação
Algumas
pacientes são anovuladoras (sem ovulação, os ovários falham e não
liberam um óvulo) ou portadoras de algum grau importante de
oligo-ovulia. Outras podem apresentar ciclos menstruais regulares,
níveis normais de estradiol (hormônio sexual predominante, presente nas
mulheres) e progesterona, portanto, com foliculogênese e luteinização
(produção de corpo-lúteo, estrutura que se forma no local de um folículo
ovariano após liberaração de um óvulo) normais, mas o fenômeno de
liberação do oócito (células germinativas femininas ou células sexuais
produzidas nos ovários) a partir do folículo dominante não ocorre, mesmo
após o pico de LH (hormônio luteinizante), constituindo a chamada
síndrome do folículo luteinizado não-roto (LUF).
Em
60% das pacientes com endometriose, a função do corpo lúteo é
inadequada, podendo resultar em infertilidade ou abortamento precoce.
Endometriose: fatores que estimulam a doença
Embora ainda não tenha origem cientificamente comprovada, sabe-se que a endometriose é estimulada por alguns fatores de risco, que contribuem para que a mulher desenvolva a doença, mesmo que muitos deles ainda dependam de comprovação especializada.
Conheça os principais fatores de risco que estimulam o aparecimento e desenvolvimento da endometriose:
Idade
A endometriose apresenta relação importante com a idade, limitada principalmente ao período entre a primeira e a última menstruação (menacme). Apesar de existirem relatos de casos de endometriose em mulheres que nunca menstruaram e naquelas que já estão na menopausa, a grande maioria dos estudos demonstra forte associação entre endometriose e idade reprodutiva.
Em 1999, dois autores (Propst e Laufer) demonstraram que 50% das adolescentes que sofrem com cólicas menstruais, e não melhoram após tratamento especializado, são diagnosticadas com endometriose.
No passado, vários autores acreditavam, equivocadamente, que a idade de maior risco para manifestação da endometriose era aquela do momento do diagnóstico. No entanto, sabe-se atualmente que o diagnóstico definitivo (realizado através de biópsia do tecido durante um procedimento cirúrgico), pode ser protelado por vários anos.
Isto acontece por conta da grande quantidade de medicamentos à disposição e que, indiretamente, por melhorarem os sintomas da doença, retardam a obtenção do diagnóstico definitivo. Alguns autores chegaram a mostrar que o intervalo entre o início dos sintomas e o diagnóstico conclusivo da endometriose pode variar de 8 a 10 anos.
Raça
Atualmente, acredita-se que a maioria das pacientes com endometriose seja da raça branca, porém, ainda não é um dado conclusivo. Outros estudos demonstraram ocorrência comum da endometriose em mulheres orientais, mas também sem grandes comprovações.
Grau de instrução e condição sócio-econômica
Vários autores demonstraram que as mulheres com endometriose tendem a apresentar melhor condição sócio-econômica e alto grau de instrução.
Não se sabe ao certo o motivo desta associação, mas acredita-se que estas mulheres estariam sujeitas a altos níveis de estresse, gerando maior distúrbio da parte imunológica e, portanto, maiores chances de desenvolver a endometriose.
Outra razão seria uma avaliação mais minuciosa e precoce dos sintomas de dor e infertilidade, com maior probabilidade de diagnóstico entre este grupo de pacientes, além destas mulheres apresentarem uma tendência maior em terem menos filhos e em protelar mais a gravidez em prol do sucesso profissional.
Gestação
Acredita-se que o atraso para engravidar e o menor número de filhos, características das mulheres modernas, representam fatores de risco para a ocorrência da endometriose. Isso porque estas posturas estão associadas à maior ação dos estrógenos por mais tempo na vida da mulher, já que a gravidez representa um período de predomínio da progesterona, hormônio contrário ao estrogênio.
Fumo
Mulheres tabagistas, acostumadas a fumar mais de vinte cigarros por dia, têm níveis de estrogênio menores e, teoricamente, menos risco para endometriose. No entanto, vários estudos controlados mostram resultados conflitantes além destas mulheres estarem mais sujeitas a doenças pulmonares crônicas e câncer de pulmão.
Sedentarismo
Vários estudiosos destacaram os benefícios dos exercícios físicos para prevenir a manifestação da endometriose, caso sejam praticados desde cedo e regularmente, por ao menos duas horas semanais.
Os exercícios aeróbicos aumentam a produção de endorfina, que inibem o GnRH (hormônio produzido pelo hipotálamo que estimula a produção de estrógeno pelo ovário) e, consequentemente, reduzem a produção de estrógenos ovarianos, alimento da endometriose. Além disso, o exercício aeróbico melhora a imunidade feminina, combatendo a evolução da doença.
Antecedentes Familiares
Diversos estudiosos acreditam que existe uma predisposição genética para o desenvolvimento da endometriose. Alguns relatam índices de 4 a 6% de acometimento familiar nas portadoras da doença.
Acredita-se que a hereditariedade da endometriose pode ser explicada não só pela mesma herança genética, mas também por semelhanças no estilo de vida.
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